Opinião
- 28 de setembro de 2015
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Jesus no centro da missão
O 10° Encontro Renas entre os dias 24 a 26 de setembro foi oportunidade de reunir diversas organizações, igrejas e indivíduos engajados em projetos e ações sociais de assistência, prevenção e conscientização na perspectiva da missão integral. O local, Vale da Bênção, em Araçariguama, SP, um ambiente inspirador e motivador para a reflexão da missão, e para ser realmente abençoados.
O Encontro se propôs a refletir sobre “Seguir a Jesus”, por meio do ver, sentir e agir. O ambiente foi de reflexão, troca de experiências e testemunhos de ações que estão dando certo. Valdir Steuernagel, Ziel Machado e Ageu Lisboa nos ajudaram a ver, indicando por meio da reflexão bíblica o caminho para a nossa ação. Foram momentos preciosos de reflexão sobre as Escrituras e, particularmente, a ação e chamado de Jesus. Eduardo Nunes, Ronilso Pacheco da Silva e Silvia Kivitz nos provocaram a sentir a situação da criança, do jovem e do idoso por meio de uma análise da realidade.
Dessa reflexão, destaco alguns aspectos bíblicos e teológicos que não só marcaram o Encontro durante esses dias como também marcam a caminhada das organizações e daquelas pessoas que acreditam e estão praticando a missão integral.
A centralidade de Jesus na missão
O primeiro aspecto que destaco e que foi enfatizado em todas as falas é a centralidade de Jesus na missão. Jesus é quem nos chama e nos acolhe. Então, se a missão se define pelo compromisso de seguir a Jesus, nossa ação precisa necessariamente ser inspirada e moldada em Jesus. São nos gestos, palavras e atos de Jesus que encontramos o modelo para nossa missão. É também Jesus, Salvador e Senhor, que transforma não só a vida do indivíduo, mas a realidade social.
Seguir a Jesus não se resume a um ato de conversão, isto é, do arrependimento e fé em Jesus como o Cristo, o Filho de Deus, e aceitação do seu reino. Seguir a Jesus significa também aceitar o seu chamado para nos tornar “pescadores de homens”. Então, é o chamado de Jesus que nos constrange a agir e é a pessoa e o ministério de Jesus que servem de parâmetro para a missão integral. É importante destacar esse aspecto especialmente diante dos mais céticos que acham que a missão integral se resume a uma forma de assistencialismo e ação social, sem a devida importância ao evangelho de Jesus. Pelo contrário, fica evidente, não só pelas reflexões bíblicas como também pelos testemunhos das organizações, a supremacia de Jesus como Senhor da missão e do chamado a amparar e socorrer os necessitados. É justamente o compromisso de seguir a Jesus, de levar a sério o chamado para propagar o evangelho por meio da proclamação e de ações de compaixão que nos move à missão. Os testemunhos das organizações demonstram que a transformação nas condições sociais, educacionais, econômicas e de saúde das pessoas ocorrem pelo evangelho de justiça e compaixão de Jesus.
Isso significa que a partir de nossa vida com Jesus não podemos olhar para o sofrimento humano, a injustiça e as desigualdades e “passar de largo” como o levita ou sacerdote diante daquele que fora atacado por bandidos no caminho de Jerusalém. Aceitar Jesus e levar a sério o chamado de Jesus implica necessariamente a nos comovermos pelo sofrimento humano.
Olhar a realidade
Percebeu-se também, tanto na fala do Valdir quanto do Ziel, a importância do modo de olharmos a realidade. Valdir destacou que o lugar em que estamos determina o que enxergamos. E Ziel observou que o que vemos determina como agimos, por isso, é essencial perguntar a respeito de quê ou quem educa nossos olhos. É preciso educar nossos olhos a enxergar a realidade como Jesus a enxerga. É a leitura dos ensinos de Jesus sobre o seu reino de justiça e compaixão que educará nossos olhos para enxergar as pessoas e a sociedade na perspectiva de Jesus.
Na oração que Jesus ensinou aos discípulos, suplicamos no início: “venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus”. A vinda do reino está associada à manifestação da vontade de Deus. Portanto, onde a vontade de Deus é realizada, ali é o reino se manifesta. E fazer a vontade de Deus é obedecer ao chamado de Jesus para colocar em primeiro lugar a justiça e o reino. Isso implica revermos nossos valores. Trocarmos algumas lentes que utilizamos para enxergar a realidade. Somos frequentemente movidos pelas lentes do consumismo e materialismo. Infelizmente, é isso que frequentemente move até mesmo a igreja e os cristãos.
Trabalho em redes
Um aspecto singular de RENAS é o conceito de trabalho em redes. Isso se inspira não só nas formas contemporâneas de cooperação social, mas no próprio chamado de Jesus a alguns pescadores às margens do mar da Galileia na Palestina. Essa forma de trabalho destaca ainda mais o fato de que como indivíduos e como organizações sociais somos pescadores. Não somos proprietários da missão, somos agentes. Como agentes precisamos de trabalhar com outros. Não só a troca de experiências, mas a cooperação entre entidades fortalece nossa luta contra problemas comuns. Isso lembra a preocupação dos discípulos quando voltaram de uma missão e contaram a Jesus que outros estavam também curando no nome de Jesus. Diante disso, Jesus os orientou a pensar que quem não está contra nós é a favor de nós. Isto é, não há exclusivismo na missão. Nossa tarefa é proclamar o reino de Jesus. Por isso, podemos e devemos trabalhar em cooperação. Isso destaca ainda mais o senhorio de Jesus.
Os relatos das organizações são praticamente unânimes. Partindo de uma realidade ou problema social, um indivíduo ou grupo de pessoas se sensibilizam e impulsionados ao chamado de Jesus à missão, se mobilizam e agem para o enfrentamento daquela situação. Os resultados são consequências.
Vi no 10º Encontro pessoas comprometidas com o evangelho do reino de Deus. A cada relato fico impressionado com os lugares (geográficos e sociais) em que o reino se manifesta por meio de pessoas, de organizações e de igrejas que abraçam um desafio e manifestam a compaixão e justiça de Jesus. Fico também tocado pela paixão dessas pessoas por proclamar o reino por meio de atos de compaixão.
Nota do editor: A Ultimato é umas das promotoras do Encontro RENAS e estamos na rede desde sua fundação em 2003.
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Foto: Esquete sobre redes no Encontro RENAS / Foto: Dan Bianchi
O Encontro se propôs a refletir sobre “Seguir a Jesus”, por meio do ver, sentir e agir. O ambiente foi de reflexão, troca de experiências e testemunhos de ações que estão dando certo. Valdir Steuernagel, Ziel Machado e Ageu Lisboa nos ajudaram a ver, indicando por meio da reflexão bíblica o caminho para a nossa ação. Foram momentos preciosos de reflexão sobre as Escrituras e, particularmente, a ação e chamado de Jesus. Eduardo Nunes, Ronilso Pacheco da Silva e Silvia Kivitz nos provocaram a sentir a situação da criança, do jovem e do idoso por meio de uma análise da realidade.
Dessa reflexão, destaco alguns aspectos bíblicos e teológicos que não só marcaram o Encontro durante esses dias como também marcam a caminhada das organizações e daquelas pessoas que acreditam e estão praticando a missão integral.
A centralidade de Jesus na missão
O primeiro aspecto que destaco e que foi enfatizado em todas as falas é a centralidade de Jesus na missão. Jesus é quem nos chama e nos acolhe. Então, se a missão se define pelo compromisso de seguir a Jesus, nossa ação precisa necessariamente ser inspirada e moldada em Jesus. São nos gestos, palavras e atos de Jesus que encontramos o modelo para nossa missão. É também Jesus, Salvador e Senhor, que transforma não só a vida do indivíduo, mas a realidade social.
Seguir a Jesus não se resume a um ato de conversão, isto é, do arrependimento e fé em Jesus como o Cristo, o Filho de Deus, e aceitação do seu reino. Seguir a Jesus significa também aceitar o seu chamado para nos tornar “pescadores de homens”. Então, é o chamado de Jesus que nos constrange a agir e é a pessoa e o ministério de Jesus que servem de parâmetro para a missão integral. É importante destacar esse aspecto especialmente diante dos mais céticos que acham que a missão integral se resume a uma forma de assistencialismo e ação social, sem a devida importância ao evangelho de Jesus. Pelo contrário, fica evidente, não só pelas reflexões bíblicas como também pelos testemunhos das organizações, a supremacia de Jesus como Senhor da missão e do chamado a amparar e socorrer os necessitados. É justamente o compromisso de seguir a Jesus, de levar a sério o chamado para propagar o evangelho por meio da proclamação e de ações de compaixão que nos move à missão. Os testemunhos das organizações demonstram que a transformação nas condições sociais, educacionais, econômicas e de saúde das pessoas ocorrem pelo evangelho de justiça e compaixão de Jesus.
Isso significa que a partir de nossa vida com Jesus não podemos olhar para o sofrimento humano, a injustiça e as desigualdades e “passar de largo” como o levita ou sacerdote diante daquele que fora atacado por bandidos no caminho de Jerusalém. Aceitar Jesus e levar a sério o chamado de Jesus implica necessariamente a nos comovermos pelo sofrimento humano.
Olhar a realidade
Percebeu-se também, tanto na fala do Valdir quanto do Ziel, a importância do modo de olharmos a realidade. Valdir destacou que o lugar em que estamos determina o que enxergamos. E Ziel observou que o que vemos determina como agimos, por isso, é essencial perguntar a respeito de quê ou quem educa nossos olhos. É preciso educar nossos olhos a enxergar a realidade como Jesus a enxerga. É a leitura dos ensinos de Jesus sobre o seu reino de justiça e compaixão que educará nossos olhos para enxergar as pessoas e a sociedade na perspectiva de Jesus.
Na oração que Jesus ensinou aos discípulos, suplicamos no início: “venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus”. A vinda do reino está associada à manifestação da vontade de Deus. Portanto, onde a vontade de Deus é realizada, ali é o reino se manifesta. E fazer a vontade de Deus é obedecer ao chamado de Jesus para colocar em primeiro lugar a justiça e o reino. Isso implica revermos nossos valores. Trocarmos algumas lentes que utilizamos para enxergar a realidade. Somos frequentemente movidos pelas lentes do consumismo e materialismo. Infelizmente, é isso que frequentemente move até mesmo a igreja e os cristãos.
Trabalho em redes
Um aspecto singular de RENAS é o conceito de trabalho em redes. Isso se inspira não só nas formas contemporâneas de cooperação social, mas no próprio chamado de Jesus a alguns pescadores às margens do mar da Galileia na Palestina. Essa forma de trabalho destaca ainda mais o fato de que como indivíduos e como organizações sociais somos pescadores. Não somos proprietários da missão, somos agentes. Como agentes precisamos de trabalhar com outros. Não só a troca de experiências, mas a cooperação entre entidades fortalece nossa luta contra problemas comuns. Isso lembra a preocupação dos discípulos quando voltaram de uma missão e contaram a Jesus que outros estavam também curando no nome de Jesus. Diante disso, Jesus os orientou a pensar que quem não está contra nós é a favor de nós. Isto é, não há exclusivismo na missão. Nossa tarefa é proclamar o reino de Jesus. Por isso, podemos e devemos trabalhar em cooperação. Isso destaca ainda mais o senhorio de Jesus.
Os relatos das organizações são praticamente unânimes. Partindo de uma realidade ou problema social, um indivíduo ou grupo de pessoas se sensibilizam e impulsionados ao chamado de Jesus à missão, se mobilizam e agem para o enfrentamento daquela situação. Os resultados são consequências.
Vi no 10º Encontro pessoas comprometidas com o evangelho do reino de Deus. A cada relato fico impressionado com os lugares (geográficos e sociais) em que o reino se manifesta por meio de pessoas, de organizações e de igrejas que abraçam um desafio e manifestam a compaixão e justiça de Jesus. Fico também tocado pela paixão dessas pessoas por proclamar o reino por meio de atos de compaixão.
Nota do editor: A Ultimato é umas das promotoras do Encontro RENAS e estamos na rede desde sua fundação em 2003.
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Foto: Esquete sobre redes no Encontro RENAS / Foto: Dan Bianchi
Pastor presbiteriano e doutor em Antigo Testamento, é professor e capelão no Seminário Presbiteriano do Sul, e tradutor de obras teológicas. É autor do livro O propósito bíblico da missão.
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